domingo, 14 de fevereiro de 2010

Sugestões



Os livros circulam nas livrarias a uma enorme velocidade. Tirando os best-sellers e outras obras mais procuradas, a maior parte das obras publicadas desaparecem da nossa vista num período muito curto de tempo.
O que acontece é que, muitas vezes, nem temos tempo de nos apercebermos do que vai sendo publicado. Só especialistas ou frequentadores frequentes de livrarias, podem saber sempre o que saiu.
Felizmente existem os alfarrabistas. Em Lisboa, é um prazer pela manhã, num sábado de sol, poder percorrer a feira de alfarrabistas da Rua Anchieta no Chiado.
Para além do inevitável prazer da descoberta e do sol, é sempre possível juntar o útil ao agradável.
Há pouco tempo foi publicitado um acórdão de 12 de Março de 2009 do Tribunal da Relação do Porto que reconhecia o direito às duas viúvas de um bígamo o direito a partilharem a herança por sua morte. O falecido casara em 12 de Julho de 1985, na Venezuela com a Joana, tendo tido um filho e, em Portugal, casara catolicamente com Fernanda em Julho de 1994. Morrera em Novembro de 1996 e já tinha sido ultrapassado o prazo para anular o 2.º casamento pelo que as duas viúvas foram consideradas herdeiras conjuntamente com o filho da Joana.
A ida à feira dos alfarrabistas permitiu-me encontrar o livro " A Bigamia em Portugal na Época Moderna" de Isabel Mendes Drunond Braga que dá uma perspectiva histórica da perseguição deste crime, sublinhando o papel da Inquisição na sua repressão. Sobre o casamento : " O casamento cristão foi uma invenção medieval, tornando-se corrente, no século XIII, os casais fazerem-se unir por um sacerdote. Passou-se de uma cerimónia privada a que a Igreja se começou por associar discretamente para a imposição de um sacramento. O clero foi ganhando importânica na medida em que não se limitava a testemunhar a celebração mas outorgava a benção aos nubentes".
Para além dos mil e um livros que pode ver, tocar e comprar, na feira dos alfarrabistas, também vai encontrar uma requintada sobremesa : as bancas dos postais antigos. Uma festa para os olhos e para a mente.
[FTM]

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