«Manuel Alegre aprendeu com os erros de 2005 e não prolongou o dilema. Disse ‘presente’ e, agora, o dilema passou para Sócrates: ou apoia, ou não apoia. Imagino que Alegre seja um espinho doloroso para o primeiro-ministro. Por um lado, aqui está um crítico do governo, com ares de independência, que fez mais oposição ao PS do que a Oposição propriamente dita; por outro, ao unir as esquerdas e mesmo certas direitas que se revêem no seu discurso patrioteiro e marialva, Alegre é o melhor candidato para disputar a presidência a Cavaco. Sócrates, em relação a Alegre, tem de escolher: ou a vingança do ressentimento, ou a hipótese séria de ganhar Belém.
Desconfio que Sócrates já decidiu: ganhar Belém significa remover Cavaco, o objecto da sua hostilidade recorrente; e, removendo Cavaco, Sócrates tem a oportunidade de inaugurar um novo ciclo e, quem sabe, uma nova maioria. Alegre pode não ser o candidato ideal. Para Sócrates, é o candidato tolerável.
A direita que não subestime o bardo: o ‘mítico’ milhão de votos pode mesmo multiplicar-se por três.»
[JPC, Correio da Manhã, 17/1/2010]
1 comentário:
O PS está metido num beco sem saída.Acho que o PS deveria apoiar novamente o Mário Soares.AH AH AH
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