segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sair do armário

Leio no Times Literary Supplement que Sebastian D.G. Knowles saiu do armário. Knowles é professor de Literatura na universidade do Ohio e, segundo consta, especialista em James Joyce. Acontece que Knowles nunca leu Finnegans Wake e decidiu confessar o crime na vetusta James Joyce Quarterly, em forma de verso:

Am I alone? And unobserved? I am.
Then let me own, I'm an academic sham.
My reading of the Wake's a fake.
Up to about page nine I'm fine.
But the idea of reading every word's absurd.

Foi o dilúvio. Não de críticas. De aplausos. Melhor: os aplausos vieram de outros "especialistas" em Joyce que acreditaram no poema como sátira a terceiros.
Knowles tentou explicar-se. Garantiu piamente que o poema era sobre ele; era uma confissão da sua preguiça, ou do seu desinteresse. Incrédulos, os outros desataram a rir. Que não podia ser, e mais isto, e mais aquilo. Moral da história?
Knowles foi convidado para director da colecção Florida Joyce Series, da University Press of Florida. Recentemente, foi também nomeado para presidente da International James Joyce Foundation. Pelo meio, conseguiu ler Finnegan's Wake (de fio a pavio, diz ele) e aconselha os temerários a seguir o seu método: começar a obra na página 104 (edição da Florida University Press, presumo); ler sempre até à página 216; depois, saltar para a 555, ler até ao fim e só então regressar ao capítulo 1.
Curiosamente, ainda ninguém testou o método do Prof. Knowles, com a óbvia excepção do próprio. Voluntários?
[JPC]

2 comentários:

J.L. disse...

Se ele tivesse escrito um poema dizendo que Georges Simenon é uma leitura muito mais prazerosa do que o Finnegans, aí sim, seria elevado à condição de patrono do legado joyceano.

Blondewithaphd disse...

Percebo-o. Bastou-me "A Portrait of the Artist as a Young Man".