Quando a oposição avisou que vinha aí uma comissão parlamentar, eu tremi. Quando acrescentou que a comissão parlamentar iria discutir a liberdade de expressão em Portugal, desmaiei. Discutir a liberdade de expressão, de tão absurdo e vago, significa não discutir nada de especial.
No limite, o exercício permite apenas números de pantomina, ajustes de contas e meras exibições de estados de alma, que não tocam no nervo essencial. E o nervo, convém lembrar, é conhecer as predações económicas do Estado nos órgãos de comunicação social, o primeiro passo para condicionar (e, em certos casos, eliminar) a proclamada liberdade de expressão. Por outras palavras: o condicionamento da liberdade de expressão será sempre um fim, e não um meio, de um poder político que não conhece os seus higiénicos limites. Sem separar as águas e definir, com rigor, o objecto da investigação, o resultado não podia ser outro: uma coisa pastosa e nula, que suja mais do que limpa. A oposição está de parabéns e o governo, como sempre, agradece.
[JPC, aqui]
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