domingo, 7 de novembro de 2010

Um boneco

Tirando os ataques à ineficácia de Cavaco e à maldade dos ‘mercados’, Manuel Alegre não acha nada sobre coisa nenhuma. Esta semana, em peregrinação aos sindicatos, o candidato presidencial inaugurou uma nova forma de fazer política, que consiste, essencialmente, em não a fazer.
Confrontado com a greve geral, Alegre não apoia nem deixa de apoiar, embora compreenda ou talvez não. A posição de Alegre é interessante e explica-se pela camisa-de-forças em que o candidato se meteu, dramaticamente dividido entre o PS e o Bloco. Mas, pergunto, não haveria uma forma caridosa de poupar o bardo a estes vexames? Penso que sim. Bastaria que a candidatura de Alegre enviasse o próprio para casa e, em seu lugar, mandasse fazer um boneco de cera, em tamanho natural, que poderia ser levado para comícios, debates e outros contactos com o povo. A coisa animava a campanha e o boneco, quando confrontado com qualquer questão, poderia sempre responder um ‘não-concordo-nem-deixo-de-concordar’. Era só puxar o fio ou, melhor ainda, enfiar uma moeda. A campanha pagava-se a si mesma.
[Crónica no Correio da Manhã]

[JPC]

1 comentário:

mcm disse...

Eu concordo cm este ponto de vista e sempre acrescento:
- Mais valia um boneco a sério do que um boneco de carne e osso.