quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

«As flores e o caixão»

«Alguém dizia que um cínico é aquele que sente um cheiro a flores e começa logo à procura do caixão. Não pretendo ser cínico. Mas o ‘acordo’ orçamental entre o PS e o PSD tem um cheiro a flores que implica saber onde está o cadáver.
Aparentemente, em lado algum: o entendimento favorece o PS, que dá mostras de ‘diálogo’ e favorece o PSD, que ressurge como o partido da ‘responsabilidade’. Infelizmente, o cheiro a flores pode converter-se em velório. Um ‘acordo’ implica interesses comuns. Mas que interesses existem entre um governo que não abdica do seu modelo de desenvolvimento (mais obras públicas, despesa, endividamento) e um partido da Oposição que fez do corte da despesa e do endividamento a sua cruzada? Se houver ‘acordo’, alguém vai a enterrar. E a menos que o PS mude radicalmente de vida (uma crença infantil), será o PSD a ocupar o caixão. E para quê? Para exibir ‘responsabilidade’? A abstenção no Orçamento chegava e sobrava.
Ao comprometer-se com a política económica do governo, o PSD compromete-se também com a comprovada falência dela. Um suicídio exemplar.»

[JPC, Correio da Manhã, 10/1/2010]

1 comentário:

Sérgio disse...

João Pereira Coutinho,
Gostaria de lhe deixar umas breves e calorosas palavras:
1.A leitura em excesso é prejudicial;
2.O Juízo em demasia é um equívoco;

Um conselho: continue a escrever

Atenciosamente

Sérgio Alves