Começam a chegar ecos do desafio "Um filme, uma década", que terá como prémio final um salpicão caseiro. O Luciano, por exemplo, aposta em Gran Torino, Up, Little Miss Sunshine e A.I., de Spielberg. Diz o Luciano que são tudo filmes sobre a infância e a velhice, dois momentos em que tudo é possível e já nada é possível. Isto despertou uma certa melancolia no Luciano; não devia. As minhas escolhas são bem piores: só incluem a velhice, ou seja, a etapa da vida em que já nada é possível. Porquê? Não vou dissertar sobre a matéria; a minha psicanalista é paga para isso. Mas reparo que sempre tive uma pessoalíssima inclinação pelos anos finais, talvez uma forma estóica de os antecipar e desarmar no seu terror evidente.
O Bruno, pelo contrário, pode ser um velho avant la lettre. Ele próprio, em coluna saudosa na saudosa Atlântico, brindava o auditório com meditações mensais cobertas de outono e ironia. Mas, pelas escolhas fílmicas, temos doses generosas de ninfas (Lost in Translation), graciosidade (Catch Me If You Can) e até romantismo (P.T. Anderson). É sempre bom saber que ainda existe esperança para alguém da tribo.
[JPC]
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