segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pisas

«O PRIMEIRO-MINISTRO não resistiu a festejar os resultados dos alunos (de 15 anos) nos testes do PISA. Quem ama a propaganda, sucumbirá à propaganda. Não é apenas um 'trabalho de estatística', como o seriam o fim dos exames ou a falta de rigor nas provas de matemática e português, em que os seus governos insistiram. Portugal continua abaixo da média (com 487 pontos para 493 de média, contra 556 de Xangai ou 539 da Coreia). Os resultados provam que não se melhora numa legislatura nem com propaganda aos computadorzinhos – é trabalho de uma geração e vem de há mais de dez anos. Daqui a mais dez se verá se vale mais apostar na exigência e no trabalho do que no festejo das estatísticas.»

[ FJV, no Correio da Manhã ]

Morto de fome

«CAVACO SILVA está preocupado com a fome dos portugueses. Mas não de todos os portugueses: a fome de atenção de Manuel Alegre, por exemplo, não merece do candidato Cavaco uma única migalha.
Verdade que, para sermos justos, a triste condição de Alegre é responsabilidade exclusiva da dieta a que o próprio se impôs. O dilema era conhecido: como ser apoiado pelo Bloco e pelo PS sem se comprometer com nenhuma das partes? Alegre acreditou que era possível compensar tamanha falta de alimento com ataques sucessivos ao cozinheiro Aníbal. Infelizmente, não lhe ocorreu a hipótese funesta deo cozinheiro pousar os tachos. E de Alegre ficar, sozinho e famélico, a olhar para um prato vazio. E agora?
Agora, Alegre confessa que está ‘farto de se ouvir’, um sintoma clássico de subnutrição que merece ser socorrido. Estamos no Natal. E o Presidente da República, a título caritativo, devia conceder ao bardo uma palavra, um aceno, um leve sorriso. Não enche a barriga, é certo. Mas também, nesta história das presidenciais, só mesmo Cavaco é que tem a papinha feita.»

[ JPC, no Correio da Manhã ]