sábado, 30 de abril de 2011

Sugestões

Robert Walser nasceu em 1878 e morreu em 1956. Durante a sua peregrinação existencial trabalhou em Biel, Basileia, Estugarda, Zurique como empregado aí publicando poemas e pequenos contos. Depois, foi criado no castelo de Dambrau, passando a escrever sobre o tema da criadagem.
Segundo, nos informa ainda a Cotovia, editora desta sua obra em português, durante a 1.ª Guerra Mundial trabalhou em Zurique nos arquivos públicos, tendo começado a desenvolver distúrbios mentais e sendo internado numa clínica psiquiátrica em Hersau, "onde continuou a escrever até à morte".
Este livrinho debruça-se sobre diversas pinturas, umas mais conhecidas que outras, que Walser, ora descreve, ora fantasia, imaginando diálogos entre os personagens ou meramente divaga. O livro reproduz com muito razoável qualidade as obras, o que nos permite acompanhá-lo sem esforço. Aconselhável para ir lendo historinha a historinha, uma, duas por dia ao deitar...
[FTM]

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sugestões

"Portugal - Um Retrato Ambiental" é um DVD que nos traz os programas sobre o ambiente , realizados por Francisco Manso e que foram transmitidos pela RTP 1, com o rigor, a seriedade, a ironia e a sabedoria que caracterizam o trabalho de Luisa Schmidt. Com base em muito material de arquivo e muita recolha documental actual, este DVD, organizado em 4 episódios - País de Contrastes, Das Catástrofes às Fontes de Energia, As Águas e Paisagem e Ordenamento - mostra-nos o país que fomos e somos e interroga-nos sobre o país que queremos ser.
O nosso património ambiental é um valor seguro que importa preservar neste tempo de crise.

Lawrence Block e a Colecção "Gato Preto" da editora Cotovia fizeram-me regressar, nesta Páscoa, aos policiais. O ex-polícia e detective sem licença Matthew Scudder, alcoólico em recuperação, é um excelente personagem muito recomendável e que vale a pena acompanhar em narrativas cheias de criatividade. Uma diletância consistente...
[FTM]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

«Mudar de Vida»



«Nos tempos que correm, não deixo de ter a maior simpatia por todos os patriotas que clamam, em tom apocalíptico, por um governo de salvação nacional que aglutinaria a fina-flor do regime, engalanada pelos independentes do costume. Infelizmente, além das difíceis negociações que se antecipam, este radioso cenário exige uma condição prévia: que o PSD se entenda com… o PSD.

Bem sei que o partido deu, esta semana, um passo largo nesse sentido, aprovando por unanimidade, no seu Conselho Nacional, um Programa de Governo que prima pela vacuidade e por uma mão cheia de lugares-comuns.

A bem do pluralismo interno, ainda houve um conselheiro que conseguiu abster-se – talvez porque não concorde com a "racionalização" do sector público ou com a necessidade de uma Justiça mais "célere e independente". Tudo é possível! O pior é que o PSD ameaça apresentar, lá para finais de Abril, um programa mais pormenorizado, recheado de medidas inevitáveis e de soluções concretas. E aí, pelo que se tem visto, o entendimento evapora-se. As últimas semanas têm sido demasiado elucidativas.

Passos Coelho fala de um aumento de impostos, nomeadamente do IVA? A doutrina divide-se: um vice-presidente do partido diz que nem pensar, o responsável por um gabinete de estudo qualquer prefere cortar no décimo terceiro mês, uma série de notáveis aponta para o risco da recessão, um outro critica a incoerência do partido e outro ainda defende que as medidas não devem ser apresentadas aos bochechos. Perante a balbúrdia reinante, Passos Coelho diz que foi mal interpretado, deixa cair o assunto e, para sossegar os mercados, opta pela imprensa internacional, onde garante que chumbou o PEC 4 porque as medidas anunciadas ficavam aquém do que seria desejável.

Remando no mesmo sentido, Paulo Rangel decidiu informar o país de que a senhora Merkel iria "respirar de alívio" quando visse o PSD instalado no Governo – o que, tendo em conta os estados de alma da dita, não augura nada de bom. Obviamente, o PSD esqueceu-se de que tinha anunciado, na Assembleia, que chumbava o PEC 4 porque havia limites para os sacrifícios dos portugueses. Como se tudo isto não bastasse, o partido ainda se deu ao luxo de acabar com a avaliação dos professores – o que atesta o grau de reformismo que se vive por aquelas bandas. E, por último, saiu um livrinho sobre "um homem invulgar" que, segundo a autora, é tratado pelos seus pares por "o Obama de Massamá". Espero que o PSD, até às eleições, ainda vá a tempo de mudar de vida. Porque pior do que isto é impossível.»