sábado, 2 de janeiro de 2010

Profecias.

José Medeiros Ferreira diz que Cavaco não inovou muito na sua mensagem de 2010 — em relação a 2009. A verdade é que o país não mudou substancialmente de um ano para o outro. E, aliás, nada leva a crer que mude muito em 2010. É esse, precisamente, o problema: uma certa agonia e um agudizar do ressentimento. Em matéria de atribuição de culpas, um jogo perpétuo na política portuguesa, é costume distribuí-las pelos (como se diz?) «distintos órgãos de soberania» mais os partidos e o empresariado. Eu acrescento «a multidão», para não estar a dizer «a classe média» e «o eleitorado em geral». Apatia, indiferença e um certo gozo associado. Sobem os impostos? É a vida. Vê-se um nadinha de abismo? Também noutros lugares. Temos dúvidas sobre o carácter de um político? Sobre quem não temos? A palhaçada ameaça subverter o jogo político? Não se pode estar contra «a onda de modernidade».
[FJV]

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